quinta-feira, setembro 17, 2009
Será que ainda falas com ele como fazias antes de sermos velhos?
Tínhamos 18 anos e gostávamos tanto do corpo um do outro que tínhamos vontade de nos coser juntos em qualquer parte
- às escondidas da tua família, no meu quarto, atrás da igreja, num qualquer ermo de fácil acesso que nos permitisse intimidade: dormíamos juntos pelas pontas dos dedos
um beijo nosso durava 3 minutos e 47 segundos
(3 minutos e 47 segundos de uma língua que aconchega e transpira a outra)
e os olhos das pessoas sentadas no autocarro aguardavam a nossa morte por asfixia.
Vivemos escondidos da tua família. Ali éramos unicamente o nosso corpo e o nosso coração cosidos porque tínhamos 18 anos e sabíamos tão pouco do que viria a seguir.
Hoje vi-te mais velho: continuas alto e bonito. Trazias um livro que não era o dele. Lias. Questiono-me se ainda se falam ou se ele ainda te aparece como antes.
Gostei de te ver. És um homem: tens ombros e mãos maiores. Imagino que alguém te faça feliz todos os dias e fico mais feliz por ti. Gostava que nos tívessemos abraçado. Devíamos isso à nossa história: fazíamos um par giro nas duas únicas fotos que sobraram.
Ia aproveitar isto para te pedir um favor. Se logo à noite na tranquilidade do espelho da casa de banho ele se aproximar de ti para te dizer coisas, por favor, manda-lhe um abraço meu.
Subscrever:
Mensagens (Atom)