Mahotas, 2 de Abril de 2005
Morto.
A boca das virgens calou-se hoje. Não houve ninguém a cantar, e o sol nasceu forte e grande com um calor seco assassino.
A tristeza colou-se ás paredes da casa e a sensacão de perda faz-me acreditar que o mundo ficou mais pobre de repente.
Parece que lhes morreu um irmão, um pai, um melhor amigo.
Andam cabisbaixas, tristes, como se parte delas tivesse ido com ele
- é um dia triste, menina
e juntam-se de roda de uma televisao velha com imagens cheias de chuva e interrupcoes constantes para ver um pouco de um funeral longo e penoso
- vao levá-lo, menina
Eu sou a menina delas e também sinto o dia triste em mim.
Eu sou a menina silenciosa que lhes observa os passos sentada no chao da varanda do quarto, a menina que constantemente escreve num caderno de capa preta
- é um diário, menina?
Mais do que isso, irmã. A minha vida aqui. Tudo.
Cada situacao, cada instante, cada namorado assumido, rejeitado, desejado,
- eu sou este caderno de capa preta: estou escrita nele
E os cães da casa uivaram toda a noite. Muito.
Uivaram terrivelmente, como se a morte tivesse passado pelo portão e lhes tivesse dito olá.
Talvez tivesse passado e tivesse seguido para Roma: confesso que não sei.
Who am I to Know?I'm just a simple girl.
1 comentário:
miss ya*
luxi
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