sexta-feira, abril 15, 2005

Se eu morresse, tu choravas?

Mahotas, 2 de Abril de 2005


Morto.
A boca das virgens calou-se hoje. Não houve ninguém a cantar, e o sol nasceu forte e grande com um calor seco assassino.

A tristeza colou-se ás paredes da casa e a sensacão de perda faz-me acreditar que o mundo ficou mais pobre de repente.
Parece que lhes morreu um irmão, um pai, um melhor amigo.
Andam cabisbaixas, tristes, como se parte delas tivesse ido com ele

- é um dia triste, menina

e juntam-se de roda de uma televisao velha com imagens cheias de chuva e interrupcoes constantes para ver um pouco de um funeral longo e penoso

- vao levá-lo, menina

Eu sou a menina delas e também sinto o dia triste em mim.
Eu sou a menina silenciosa que lhes observa os passos sentada no chao da varanda do quarto, a menina que constantemente escreve num caderno de capa preta

- é um diário, menina?

Mais do que isso, irmã. A minha vida aqui. Tudo.
Cada situacao, cada instante, cada namorado assumido, rejeitado, desejado,

- eu sou este caderno de capa preta: estou escrita nele

E os cães da casa uivaram toda a noite. Muito.
Uivaram terrivelmente, como se a morte tivesse passado pelo portão e lhes tivesse dito olá.
Talvez tivesse passado e tivesse seguido para Roma: confesso que não sei.

Who am I to Know?I'm just a simple girl.

1 comentário:

Anónimo disse...

miss ya*
luxi