quarta-feira, novembro 23, 2005

The past is a foreign country: they do things differently there

Eu ia reescrever tudo como se passou

- duas mulheres e tu deitada na tua cama a chorar por elas juntas, por elas juntas no espaço que era vosso e sempre será


duas mulheres em pé de volta de uma terceira deitada numa nudez de dor, alcoolizada, num quarto escuro de sentidos que outrora existiu limpo de luz


- enquanto ninho de afectos, enquanto lugar de amor

mas elas vieram juntas, entraram e estragaram tudo.




Eu ia falar desta mulher semi despida que as duas acabaram por vestir e cuidar, porque é ela o elo de ligação daquilo que se vai passar depois disto, numa outra casa, num outro abrigo cósmico onde estas se encontram despidas e se fodem como quem fode por amor

- ia jurar-te que não é sexo nem amor aquilo que as une: és tu

elas não sabem:
e tu ali.



Ia jurar-te se me encontrasse no mesmo planeta que tu, na altura, que seria eu quem teria levado o vinho e o queijo.
Pegaríamos nas coisas dela e faríamos a cremação.

Eu abriria a cova, tu colocarias objecto por objecto despedindo-te de cada um com o mesmo carinho com que um dia os conheceste: abririamos depois espaço ao fogo purificador.

Não sei.
Não sei mas poderia antes obrigar-te a procurá-la, obrigar-te-ia a escrever no chão da estrada da casa dela um amo-te



- amo-te em letras verdes garrafais.




De qualquer forma não ia dizer isto.
Ia contar-te que sim, que gosto do edredon da cama dele, que gosto do desenho perfeito da boca dele enquanto ri, que há qualquer coisa no corpo dele que me hipnotiza sempre que os seus dedos me tocam a pele para me dizer olá.

Eu ia confessar isto:
que a possibilidade de sentir o já sentido é improvável, mas existe uma outra possibilidade que desconhecia, uam outra possibilidade que saía do alcance do meu entendimento, da minha perspectivazinha limitada


- o amor volta em dobro se permitires


e faz com que tudo pareça ter sentido.

4 comentários:

Anónimo disse...

fuck :/

às vezes acho que os bocados de carne pelas paredes do quarto são daqueles que te lêem e se sentem tão próximos daquilo que escreves. arrancas bocados.
arrancas-me bocados.

*
zuleika.

Anónimo disse...

as tuas palavras são demasiado grandes para caberem na minha cabeça.

ès bela, Miss Tea.:)

Beijos, litle rose*

Anónimo disse...

E a minha cabeça onde fica?...quando venho aqui?

Anónimo disse...

lindo *