Querida M.,
Pouco sei de vocês.
A semana passada, antes de entrar em casa, estacionei e liguei-te. As coisas estabilizaram e isso deixa-nos felizes.
Isso deixa-nos felizes como quando vamos ver um bailado. O nosso corpo triste anda até à porta quando o espetáculo acaba e achamos que estamos felizes. Mas não estamos assim tão felizes, pois não? Nunca pensei muito nisto, mas os bailados sempre me deixaram triste a pensar que estaria feliz.
Mas tu e a tua mãe.
Não vos vejo há semanas e o fim do telefonema deixa-me assim: as pernas, as pernas angustiadas a caminharem depois de sairem do carro, a irem para casa.
Amanhã vou ver-te.
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