Fazes 26 anos.
Telefonei-te e desta vez atendeste. Imagino que tenha sido a pequena obrigação do dia. Falar com pessoas. Vê-las. Receber presentes.
Celebrar a vida com um morto às costas é coisa para adultos, M., e nós não crescemos assim tanto, crescemos?
Também tenho saudades da tua mãe. Saudades de saber que ela estava viva e talvez não saudades de estar, efectivamente, perto dela. Há uma segurança idiota em sabermos que as pessoas que amamos estão vivas, mesmo que não estejam perto, mesmo que não telefonem, mesmo que nunca tenhamos tempo para o tal café.
O tempo passa, M. Daqui a pouco faz um mês. E depois dois. E depois três. E depois chegam os anos e com eles dizem que chega uma dor meiga - o que quer que isso signifique.
De qualquer forma é claro.Um dia destes vais ter de deixá-la ir.
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