segunda-feira, setembro 06, 2004

Erase and Rewind

(...) Do outro lado da morte estavas.
E eu não te sentia.

Passou-se tudo tão longe
Que eu não sei se passou ou se está a passar

Tenho estado a ver-te e
Creio que voltarei amanhã.

Uma manhã de ontem e não de hoje
Tu estás nela. Eu não sei onde estou.


Garcia Lorca, 5 de Junho 1898







Bati-te ontem. Perdoa-me.

Peço-te perdão com o descaramento do homem que mais te ama no mundo.
E amo-te como nunca amei ninguém: não sou perfeito e tu és um alvo fácil.

Já percebi que se te despir antes dói-te mais e isso deixa-me horrivelmente feliz.
Sou um monstro e assumo-me.

Vejo-te medo no olhar, vejo-te dor e vejo-te bela e submissa, na mansidão dum cordeiro de Páscoa.

Não sei se te disse ontem mas ficas mais linda quando choras despida na cama, e o sangue e o negro dos ossos ficam-te melhor que a roupa com que os tapas no dia a-seguir.


Preferia que exibisses os olhos negros e não os escondesses atrás dos óculos escuros que usas.
E já te disse que estás a mais bonita das grávidas?


O sofrimento que te causo purifica-te.Purifica-me a mim também.


Um destes dias mato-te e vamos os três para o céu.





In, Memórias dum Pária vulgar

2 comentários:

Anónimo disse...

ainda tens o mesmo cheiro?

Anónimo disse...

Não és a mesma. És outra.
Conheço-te pelo cheiro dos cabelos.