segunda-feira, novembro 15, 2004

A lady will Walk....but never run

Não haverá mais nada a dizer: temos contas feitas.
Já não existimos juntos, já não somos aquilo que sempre fomos, aquilo que todos os casais anormais gostariam de se ter tornado.
Acabou e é oficial: não há XXXIII parte nisto.
Tens toda a razão,
- fomos longe demais
mas ir longe de mais, em questões deste tipo, nunca é ir longe o suficiente.

Olhar para tudo e deixar tudo lá atrás.
Na necessidade, voltar às memórias e achar-nos juntos a dormir na minha cama, despidos no chão da casa de banho completamente ensopados, na carpete da sala, no chão do quarto cheio de velas, em cima da arca frigorifica mais à mão, no banco da frente dum carro cinza.

- Se sobreviveres às 48 horas seguintes, estás livre.
Passá-mo-las. Ambos.
Eu sobrevivi, mas não sei porquê, ainda me doi.

A vaca loira.
Não me esqueci dela. Prometi o que não posso cumprir.
- Vou ter de sangrá-la mamã, vou ter de sangrá-la, desculpa-me
Ela tem fugido, esconde-se de mim em pastos onde acredita ter algum tipo de protecção
mas está enganadinha: o planozinho é perfeito.

Gosto da ideia de a manter no engano: a vingança é um prato que faz os dentes doer de tão gelado que é.

Odeio-a porque foi também ela que nos matou.
Essa vaca loira nojenta que transpira rancores e amarguras: a quem sai inveja líquida dos olhos, a que larga vários litros de suco vaginal de raiva pelas ruas da cidade, a que em vez de leite, nas tetas, transporta um veneno letal: matará as crias quando lhes der de comer.
Nunca imaginará o tamanho do estrago que fez

[vou culpá-la por isto até morrer]

e nunca ninguém o puderá remediar.


A vaca-cadela deu-nos este golpe de misericórdia doloroso: ela ainda não sabe mas há, de facto, uma faca de cozinha á espera dela.
A população feminina agradecer-me-à.

It´s over.Hands up.

Ter encontros marcados com pessoas é fácil: amá-las de verdade, encontrar-mo-nos nelas, é muito fodido
- fodidissímo
e raro,
-rarissímo
Encontros muitos. Paixões sérias e resistentes ao tempo: duas apenas.

Plagiar Eça para vos dizer agora, leitores pacientes, que fumo um pensativo cigarro
-porque sim, os cigarros tem essa capacidade estranha de se tornarem o raciocinio efectivo de quem os fuma,
e que penso em compasso certeiro com um relógio de sala onde mora um cuco que mostra as curvas de hora em hora.

Penso na estação do comboio de ontem e acho foi um erro não ter aproveitado a ocasião e me ter mandado para a linha.

Os sapiens-sapiens, essa raça magnífica de animais de duas patas pensa assim: odeiam o sofrimento e o estranho sabor que o vazio faz cair nos lábios.

Quanto à vaca: ela pode fugir, mas não se pode esconder :)


3 comentários:

Pacalis disse...

a tua escrita, nua e crua, a que me habituei a ler, e que me dá o mesmo prazer de sempre cada vez que a leio ou releio...
sad but true....and truth always hurts, it's the way of the world..
never stop writing *

Anónimo disse...

Perdeste-te )=

Anónimo disse...

Os teus textos sempre me fazem rir ou entristecer.
Somos uma por uma, ´Migona.
estarei aqui para o que der e vier ainda que seja para sangrar a "puta da cadela da vaca loira" lOl
já sabes onde ela mora, nao já?


Bijou- bijou