Todos. Todos Todos. Encostados numa parede: caras distintas numa fila de corpos recostados no branco- uma adulta á vossa frente, á frente dessa fila imensa de peles e odoros diferentes.
Ir.
- diz que me amas, diz que me amas
Ninguém diz nada e a essa adulta do sexo feminino crescem-lhe dois totós, uma mini-saia azul e duas meias escuras até ao joelho com sapato de verniz.
Ela é agora uma menina de quatro anos sozinha num orfanato público.
- diz que me amas, mano, diz que me amas
e ninguém diz nada. Saem-lhes frases dos olhos, de olhinhos que olham para si com o peso triste do vazio.
- diz que me amas, mãe, diz que me amas
e tu não dizes, apesar de eu te abanar com força
- diz que me amas, mãe, diz que me amas,
e a menina de quatro anos desata num pranto imenso
- diz que me amas, mamã, por favor diz que me amas.
Mas ela não diz.
A mamã nunca gostou de gente com os afectos mal resolvidos.
É um ritual estranho o de fazer malas, e escolher coisas.
Faço malas em cinco minutos
- treinei-me
e não levo fotos, não levo livros, não volto para o Natal.
As vidas novas escrevem-se assim: com muito pouco.
- diz que me amas, mana, diz que me amas
nada.
No fim dessa fila , está um menino loiro, de óculos.
Para ele ela sabe que não pode olhar.
Eternity is waiting....I guess I´ll be leaving.
1 comentário:
Boa viagem*
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