quinta-feira, agosto 12, 2004

I´m really, really really worst than you

Uma simples música, uma regressão, um trajecto.
Um segundo de som feito em particula, entra no ouvido e registra sentimentos.
De outros. De outros que vão agora de encontro ao meu: o milagre da música no individuo.
Could you love another? You can´t , can you?

Estás desfeito num sofá da sala. Há ratos, ratazanas gordas do tamanho de coelhos, há pacotes de batats fritas e tiras de milho, há bocados de ti pelo chão, roupas, um bikini meu.
Tens medo de ti, do resultado da minha resposta negativa em ti:
afinal os militares aguentam pouco.

Estás em casa. Tens medo das paredes. Elas incham e colam-se a ti, ao sofá onde estás zangado: contigo, comigo sobretudo.
Mostrei-te o outro lado: sou uma senhora pêga. Andei com o teu melhor amigo, experimentei com ele preservativos de sabores,
- comi uns poucos, aliás, mas só os mais giros, perdoa-me,

e continuo a ver-te ai deitado, nesse sofá verde, um verde solitário, a barba crescida, uns pratos com restos de comida, latas solitárias com saudade do liquido que já bebeste,
- fiz-te um trapo e não tenho pena, I´m not deeply sorry, Sir.

Open up your eyes, open up your eyes...

Sempre te fechei os olhos quando partilhavamos uma cama, no fim de noite quentes.
Sou gira e óptima na cama: sabes isso e lamentas.
Lamentas tu e as tuas olheiras que de tão crescidas quase te chegam ao queixo,

- sempre gostaste dos meu exageros, confessa

e eu olho para ti nesse sofá com um olhar diferente daquele que tinha naquele dia, naquele dia em que te vi e não te conhecia, naquela estação, naquela cidade que nunca mais quis rever sem ti, naquela noite das marchas, eu, tu e cores.
Tu eras o bocado que eu tinha perdido na hora em que me fizeram corpo.
Tu eras a minha paga por me ter feito terrena e experimentado amar.
Um dia decidi destruir-te.
Um dia consegui.
Atirei-te para esse sofá, verde, um verde triste da cor dos olhos que não tens,

- olho de novo para ti nesse sofá e vejo que a brincar te espetei as minhas unhas afiadas e compridas nos olhos e ficaste cego.

Cai-te sangue que me imunda as mãos e me faz sentir viva.
A maldade faz as pessoas sentirem-se vivas.

Desculpa mas precisava desesperadamente de me vingar.
Porque te amei. Porque te amei.

3 comentários:

Anónimo disse...

nada é pior que a vingança para foder a pessoa k amas!

Anónimo disse...

incrivel .. as coisas k podem acontecer num sofa verde .. acho k vou pintar o meu ........
lá cantavam os outros:
"open your eyes, just to have them close once again" (..)
"Is that the moon ?
Or just a light that lights this dead end street?
Is that you there ?
Or just another demon that I meet?"

(recomendo ainda a observação de filmes do David Cronenberg, este serve:
http://us.imdb.com/title/tt0086541/
as nossas vidas vêm gravadas em k7s VHS!!!! - Long live the new flesh)

Anónimo disse...

Eu recomendo "a história de um sonho" do Arthur Schnitzler.