quinta-feira, agosto 26, 2004

Sweet lovin´Girl

Um dia éramos pequenas e tu querias casar. Um dia éramos grandes e tu vais casar.



Admitir a mim própria que crescemos o suficiente para que possas agora cuidar de uma casa, ter filhos, fazer jantar.
Admitir a mim própria que eu afinal já não posso andar de baloiço em parques infantis,
- só depois da meia noite em Sintra
e que aquele vestido lindo_de_morrer que está agora em cima da minha cama é para o próximo dia 4, Sintra, onde vais dizer sim ao homem que escolheste para ouvir ressonar pela eternidade.
Sempre fugi de escolhas certas e tu sempre escolheste acertadamente.

Crescemos pessoas diferentes, quisemos coisas diferentes para nós e nunca nenhuma das duas foi de ir chorar para debaixo de cobertores.Sempre fomos de combates.


Tornámos-nos duas mulheres que, na inevitabilidade da dor, choram educadamente na casa de banho, de torneiras abertas, a tapar a boca com a mão para que ninguém nunca imagine o que se passa do outro lado da porta.
Antes de sairmos, limpamos o rosto.

Arrisco-me a acreditar que nos tornámos duas senhoras, na melhor ascensão da palavra.

Tenho medo de chorar quando te vir entrar de salto alto branco, de estragar a maquilhagem perfeita que vou ter, de me achar mais sozinha sem ti porque tu afinal já voas e eu não tinha reparado que nos tinham crescido asas.

E terão crescido também em mim?

Não dúvido que este seja o dia mais feliz da tua vida,
- e um dos mais importantes da minha também
que te vou achar linda_de_morrer de vestidinho de noiva avantgarde assim que passares a porta da igrejinha intimista que escolheste, que as flores vão ser lindas e que vais estar radiosa depois da limpeza de pele, das massagens, do tratamentozinho vip que vamos ter em conjunto.
- Vamos ser sempre uma dupla, não vamos?

Também não dúvido que depois disto nada volte a ser o que foi.

Olho lá para baixo e já não vejo o teu carro estacionado, nunca mais fomos dançar juntas, beber até cair, trocar opiniões sobre o sexo oposto: já não te conto tudo o que se passa comigo, já não perdemos tempo(ou ele já não mais se perde em nós) e temos as duas muito mais para fazer do que estar sentadas na minha cama a dizer mal de alguma idiota.
Crescemos juntas e isso é inabalável.

As férias, a forma carinhosa de me protegeres, aquilo que sempre senti em relação a ti depois de brigas, estalos ou trocas de olhares acutilantes que nunca faltaram na nossa relação.
Acho que nunca tive oportunidade para te dizer que és importante, que quero que tires aquela fotografia minha nojenta que tens numa moldura só para me irritar, e que tu vais ser sempre aquilo que foste: muito.

Um dia explicas-me como soubeste que devias escolher esse homem que te vai esperar no altar, e não outro; um dia explicas-me como é que se controí uma ponte com alguém sem medo que ela um dia caía.

Também vou ficar à espera que um dia me ensines a fazer lasagna.


3 comentários:

Anónimo disse...

Mais um texto que me fez ficar agarrado ao monitor. Ganhaste um fã ( ok talvez isso nao seja importante para ti mas é o para mim). ***

Anónimo disse...

Sim senhor, um belo texto sobre a amizade e o seu valor! Adorei! *palmas*

Pedro J.

Anónimo disse...

pois é sempre consegui encontrar o texto e pois é conseguis-te fazer com que as lagrimas caissem pelo meu rosto. sim tenho mtas saudades nossas e sim vou sempre estar a distancia de um telemovel ou de um pensamento...como custumo dizer telepatiaaaaa.....silencio.etc...adoro-te tao simples como isso, fazes parte de mim da minha historia....